2001, a era do conhecimento, da competitividade, da inovação, da diferenciação...

Você pode fundir tudo isso, dispor do seu tempo integral, investir, reciclar, criar, e ser referencia de forma a conquistar uma posição equivalente a sua ambição, ao seu ego.

O mundo, as economias, a globalização, o mercado, exigiu demais de sua capacidade, para que sejas competente, e assim se mantenha vivo e o mais importante, remunerado.

Afinal, a sua sede de conquistador, e os estágios alcançados com o seu sucesso, continuam a impulsionar suas naturais ambições sociais. Seus familiares, amigos, colegas, todos fazem referencia a sua pessoa e acreditam, confiam, solicitam, pedem conselhos.

Você é o Maximo, nos últimos anos tudo tem dado certo em sua vida, o profissional, o social, a família, o emocional. Do ponto de vista mercadológico, você é o cliente ideal a ser conquistado, faz parte de uma minoria com potencial e recursos para consumir: casas, carros, viagens, cursos, alimentação, em fim, tudo que o seu bolso possa permitir, e quando não permitir, os meios para viabilizá-los serão oferecidos, você tem credito.

Os anos passam e sua luta continua, mais capacitação, mais competência, negócios e colegas, tua vivacidade e experiência continuam a lhe propiciar um espaço de destaque.

O tempo está passando, 20, 30, 40... Tua idade é fruto da experiência, tua família sólida e bem preparada, já apta a seguir teus passos, em fim, tudo está como planejado.

Você, sempre muito preocupado com o seu meio, não percebeu que mudanças são acompanhadas de vencedores e perdedores, e que existem muito mais perdedores do que vencedores... Eles sonhavam.

Muito bem informado, vê com bons olhos a evolução de nossa economia e a sua estabilização, a ponto de ser cobiçada por outros paises bem mais avançados. Entende também, que crescimento, controles inflacionários estão desindexados em proporção da palavra emprego e que esta relação desfavorável, somada com tecnologia e processos de fusões pela busca de escala e preços, cria um índice sem precedentes de excluídos.

E que estes excluídos juntam-se a uma vasta sociedade dos sem nada, que no mínimo representam uma ameaça a tudo que você construiu, sua família, seu patrimônio, sua vida.

Então vêm as preocupações, motivadas pela insegurança, pelo medo e mais uma vez responsabilizamos terceiros e nos ausentamos de qualquer participação, afinal, somos vencedores, lutamos muito e porque os outros não seguiram os mesmos passos? É incrível como a sociedade procura ignorar aos problemas indiretos que a cercam, procurando sempre se manter num estagio inerte, cômodo, observando e criticando, até que seja atingida e agredida pelo seu efeito.

Agora pense, não como estrategista que sonha, mas como o executor que realiza, porque não usar parte do precioso tempo, do conhecimento, que o referencia como inovador e diferenciado, para a construção solidária de projetos sem marca, sem imagem de retorno que contribuam para a construção da vida, da felicidade, mudando o destino da sua nação, que antes de ser global, deve necessariamente construir bases sólidas de igualdade e dignidade.

Este texto foi escrito, após passar um fim de semana no litoral de renomada praia paulistana, ter sido assaltado duas vezes, e observado passivamente, famílias inteiras vasculhando lixos pela procura de alimentos (depositados ao entardecer na frente dos edifícios), desperdiçados pela nossa sociedade consumista e egoísta, capacitada e competente, porém pouco disposta a contribuir e participar para a solução dos problemas que a cercam.

O por do sol estava lindo...

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Sérgio Dal Sasso, consultor empresarial, escritor e palestrante. Palestras em administração, empreendedorismo, vendas e educação profissional.